
Integrantes do projeto “Adolescentes Protagonistas”, iniciativa desenvolvida pelo Inesc com o patrocínio da Petrobras, participaram de roda de conversa sobre política de saúde.
Integrantes do projeto “Adolescentes Protagonistas” participaram de roda de conversa sobre política de saúde com Armando Raggio, diretor executivo da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs). Raggio apresentou para os adolescentes do Centro Educacional 04 do Guará (CED 04) detalhes sobre a atual política de saúde pública do país e funcionamento dos Conselhos de Saúde no Brasil.
As discussões servirão como fundamento para a pesquisa de percepção sobre política de saúde na Estrutural, desenvolvida pelos próprios jovens na comunidade. Os adolescentes já aplicaram um questionário junto aos moradores da cidade, bem como junto aos funcionários do posto de saúde que funciona na região.
Os resultados da pesquisa serão divulgados em um boletim escrito pelos próprios jovens. Eles irão tratar dos principais problemas apontados pelos entrevistados na pesquisa, do orçamento destinado para o setor, além de apresentar depoimento sobre o tema com gestor da área. O informativo será distribuído na comunidade, na escola e utilizado para incidência política em audiências públicas.
Roda de Conversa
Em conversa descontraída, o médico que tem uma carreira experiente com mais de 30 anos de gestão na área, iniciou sua fala citando a letra da parte instrumental da introdução do Hino Nacional Brasileiro. Cantou Armando:
“Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante
Gravai a Buril nos pátrios anais do vosso poder
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante
Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz
Cumpri o dever na guerra e na paz
À sombra da lei, à brisa gentil
O lábaro erguei do belo Brasil,
Eia! sus*, oh, sus!
“ SUS é uma interjeição do português clássico. Uma interjeição vocês sabem o que é, não é mesmo? É um sentido de exprimir um estado seja ele de tristeza, de alegria. No caso da música, ela exprime o sentido de que os brasileiros devem ir para frente e para o alto”, ressaltou.
O médico explicou que o sistema de saúde público implementado no país tem relação com o modelo utilizado na Europa, onde predomina forte presença do Estado. Em contrapartida ele ressaltou que o modelo mercantilista desenvolvido pelos EUA nos anos 50 também influenciou o sistema de saúde brasileiro.
Armando também tratou, durante a roda de conversa, do reflexo da redemocratização do país sobre as discussões de todas as políticas sociais, entre elas a política de saúde. O primeiro passo para uma mudança substancial ocorreu durante o debate da 3ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1963, quando foi aprovada uma descentralização da área da saúde. “A partir de então, o olhar passa a ser para a prevenção e de atividades assistenciais”, comentou.
Entre as transformações, Armando citou desde a criação do INPS, em 1967, perpassou pelo INAMPS, que foi implantado em 1975, até o estabelecimento do SUS, institucionalizado em 1988 na nova Constituição Federal. “O SUS recupera a tradição europeia em não separar a prevenção, proteção, promoção e cura”, completou.
Sobre a estrutura da saúde, Armando disse que a saúde no país ainda é mais organizada pela influência do mercado do que pela necessidade. “A assistência à saúde deveria estar mais presente onde as pessoas mais precisam”, disse.
Ao final, os adolescentes presentes falaram sobre a experiência de fazer a pesquisa na Estrutural, além de citarem alguns pontos que foram tratados com as pessoas durante a aplicação do questionário.
Vivian Costa, integrante do projeto e estudante do CED 04, diz que a primeira leitura que ela faz é que o posto de saúde apresenta uma situação precária. Ela também ressaltou que por meio das respostas da pesquisa ela constatou que os adolescentes só procuram o sistema de saúde só como emergência
Perfil de Armando Raggio – paulista graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná e especialista em economia e gestão da saúde e em bioética. Foi superintendente da Fundação Caetano Munhoz da Rocha, secretário de Saúde de Curitiba e do Paraná. Foi diretor-geral do HUB. Ele já presidiu o Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasemsn) e o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais da Saúde (Conass).