Adolescentes do CEF 05 do Paranoá discutem sobre racismo em roda de conversa.

O projeto “Adolescentes Protagonistas”, iniciativa do Inesc com o patrocínio da Petrobras, realizou,  nesta quinta-feira,  08/10, a primeira roda de conversa com os/as jovens do CEF 05 do Paranoá.  O debate foi sobre a dimensão política e os efeitos devastadores que o racismo produz. A conversa contou com o Israel Victor de Melo, militante do movimento LGBTI, e Dyarley Viana, assessora política do Inesc.  Ambos são do Fórum de Juventude Negra.
A oficina se iniciou com a música “Mulheres Negras”, de Yzalú. Os/As adolescentes, cerca de 20, se apresentaram citando uma frase da canção que os/as tivesse impactado.

Jeorge Emanuel e Eduarda Lopes, ambos do 9° ano, destacaram  a frase “as negras duelam para vencer o machismo, o preconceito, o racismo” e justificaram dizendo que ser menina negra exige muita força para superar as opressões pelas condições agregadas de raça e de gênero.

Marcos Antônio, de 17 anos, escolheu “Não fomos vencidas pela anulação social, sobrevivemos à ausência na novela, no comercial”. Ele argumentou que a ausência da imagem dos jovens e das jovens negras da TV contribui para a construção de uma imaginário de exclusão, fato que por si só já é violência.

Entre as apresentações, surgiram depoimentos muito tocantes sobre experiências pessoais de violência racial, sendo que a percepção do racismo veio anos depois da infância, momento em que ela foi vivida.
Israel perguntou como as pessoas se reconhecem. A maioria se considera parda ou negra, mas ainda com algumas confusões em relação aos termos que dissipam a consciência de raça. Ficou evidente que ao se dizer moreno ou “meio escuro”, a pessoa evita a identidade negra e com isso, não enfrenta os problemas pessoais e sociais que a afeta.

Rodrigo Dourado, adolescente de 16 anos, suscitou um debate intenso a partir de sua afirmação “sou brasileiro e isso deveria bastar”. A discussão culminou na importância de se dar visibilidade às inúmeras discriminações, preconceitos e violências motivadas pela cor da pele.

O debate inevitavelmente chegou à violência institucional praticada por agentes do Estado, especialmente pela polícia na sua abordagem discriminatória e violenta aos adolescentes negros e negras, pelos professores e professoras que não compreendem as realidades dos e das estudantes, não os acolhe e produz ambiente hostil na escola e por profissionais da saúde que manifestam descaso e até nojo das pessoas negras e não as atendem com dignidade.

Dyarley falou do cenário de violências que tem exterminado a juventude e destacou que a consciência sobre o racismo e o reconhecimento das nossas raízes são nossas forças para mudar as relações.

footer