“Adolescentes Protagonistas” entrevistam jovens indígenas.

Material irá fazer parte da revista Descolad@s, publicação toda elaborada pelos integrantes do projeto.

A revista Descolad@s é uma publicação anual de matérias sobre Direitos Humanos, em especial direitos de crianças e adolescentes, cidadania, participação social e orçamento público, produzidas pelos/as jovens do projeto “Adolescentes Protagonistas”, iniciativa do Inesc com o patrocínio da Petrobras.  Nesta edição, o Conselho Editorial da Descolad@s, uma articulação entre os adolescentes para discutir as pautas e desenvolver as matérias da revista, elegeu para a seção de entrevista, o tema juventude indígena.
A entrevista aconteceu no sábado, 10/10, e contou com a presença do jovem Poran Potiguara, 25 anos, do povo indígena Potiguara, da aldeia Tambá, na Paraíba. Estudante de Engenharia Florestal na Universidade de Brasília, ele saiu da sua aldeia aos 19 anos para estudar. A outra entrevistada foi Shirlene Prado Sampaio, 18 anos, que é filha e irmã de lideranças da etnia Tukano do Amazonas.

Entrevista

Logo de início o grupo tomou um susto quando Poran disse que não se considera ‘índio’. Ele fez questão de explicar que não existe um índio genérico, mas povos indígenas e ele se vê apenas como Potiguara.
Shirlene repetiu muitas vezes que fica irritada com as perguntas bobas que situam os povos indígenas no lugar dos coitados que andam pelados.

Ainda que não um povo único, tanto Shirlene quanto Poran reconhecem que há algo que os faz ‘irmãos’. Eles falam da relação solidária entre as diversas pessoas, do respeito pelo mais velho, pela liberdade na infância e sobretudo pela espiritualidade e ligação com a terra.Para ambos, eles pertencem às suas terras e não as terras a eles.

Os adolescentes do projeto levantaram questões como casamento, educação, religião e especialmente como eles percebem a sociedade não indígena. O estranhamento que a Shirlene destacou foi quanto à falta de solidariedade e acolhimento no cotidiano. Já o Poran destacou a falta de liberdade. Ele explicou que na sua aldeia uma criança pode sair de manhã e voltar no fim do dia sem haver preocupação.

Quando perguntaram qual a maior diferença entre as culturas, Poran disse que seu povo é grande, mas todos se conhecem e se preocupam uns com os outros.

Finalizaram falando de questões políticas e de como os jovens e as jovens indígenas têm sofrido com muitas ameaças. Tanto o Poran, quanto a Shirlene se preocupam com os rumos da política brasileira com relação à causa indígena.

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