Meninos e meninas que participam do projeto Adolescentes Protagonistas e também do Observatório de Crianças e Adolescentes (OCA) se reuniram ontem (25) com o secretário de Educação do Distrito Federal, professor Júlio Gregório. Na pauta, a insuficiência e até mesmo ausência de escolas de ensino médio nas periferias de Brasília e dificuldades recentes enfrentadas com o transporte escolar.

Embora estudem no Centro Educacional 04 do Guará, a maioria dos adolescentes mora em outras regiões administrativas do Distrito Federal, como Samambaia e Riacho Fundo. A maior representatividade, contudo, é de meninos e meninas que moram na Cidade Estrutural, onde não há escolas de ensino médio.

Ao ser questionado sobre essa ausência, o secretário explicou que não tem como responder por gestões anteriores e que não sabe explicar o porquê de nenhuma unidade de ensino ter sido construída lá anteriormente, mas que, no momento, o governo não tem recursos e nem previsão de quando uma escola para esse nível educacional será ofertada à comunidade.

No entanto, ele contou para os meninos e meninas que o governo está trabalhando para o reestabelecimento da Escola Classe 1 da Estrutural, interditada desde 2012 devido ao vazamento de gás metano – a escola foi construída em cima de um lixão. Segundo o secretário, a previsão é que a unidade volte a funcionar já no primeiro semestre do próximo ano.

Gregório também comunicou que está trabalhando, ainda em estágio inicial, na elaboração de um convênio com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) para que o campus da Cidade Estrutural priorize o atendimento aos moradores da comunidade.

Transporte escolar
A ausência de escolas próximas das residências resulta no problema do deslocamento dos estudantes. No caso da Cidade Estrutural, essa questão é acentuada pela insuficiência de transporte público na região e ausência de linhas que façam, por exemplo, a ligação entre a cidade e o CED 04. Apesar disso, recentemente o governo informou aos alunos que cortaria o ônibus escolar já no segundo semestre deste ano, o que gerou ampla mobilização e resultou na manutenção do serviço até o final do ano.

Sobre esse ponto, o secretário explicou que a determinação de suspender o transporte escolar está fundamentada no entendimento de que não pode haver duplicidade de benefícios, já que em Brasília há passe livre para os estudantes. O que os meninos e meninas explicaram é que, no caso deles, não há duplicidade, pois, o passe livre não os atende.

Os adolescentes também aproveitaram a oportunidade para denunciar os frequentes assaltos aos ônibus escolares que fazem as linhas entre a Cidade Estrutural e o Guará.

Direitos na Comunidade
O encontro com o secretário de Educação do Distrito Federal faz parte da elaboração do boletim Direitos na Comunidade. Ao debaterem sobre educação de qualidade durante as oficinas realizadas neste ano no âmbito do projeto Adolescentes Protagonistas, os meninos e meninas do CED 04 decidiram escrever sobre a ausência de escolas nas periferias e que o gestor consultado deveria ser o secretário.

O boletim será lançado em breve, juntamente com uma exposição de fotografias feitas pelos meninos e meninas que retratam a escola onde estudam e as relações ali estabelecidas. O projeto Adolescentes Protagonistas é uma iniciativa do Inesc com o patrocínio da Petrobras.