Meninos e meninas que estudam no Centro de Ensino Fundamental 05 do Paranoá e participam do projeto Adolescentes Protagonistas (iniciativa do Inesc com o patrocínio da Petrobras) se reuniram na última segunda-feira, dia 31 de outubro, para conversar com o subsecretário de Educação Básica da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Daniel Crepaldi.
Em pauta, o estigma e o preconceito sofridos pela escola desde que foi criada, no início de 2015. A unidade, instalada em um prédio comercial e sem capacidade para atender às demandas específicas de uma escola, não é vista com bons olhos pela comunidade na qual está inserida, tanto que já recebeu visitas de policiais que chegaram a revistar adolescentes dentro das salas de aula.
Preocupados com a imagem negativa da escola, e principalmente com o impacto disso na formação educacional, os meninos e as meninas que participam do projeto decidiram que era hora de debater essa questão. O canal escolhido para isso foi o boletim Direitos na Comunidade, totalmente produzido pelos/as adolescentes participantes do projeto.
A conversa com o gestor faz parte do boletim, que tem uma seção fixa para esse momento, mas também foi vista pelos/as adolescentes como um momento estratégico para pensar estratégias e soluções capazes de reverter a imagem negativa da escola junto à comunidade do Paranoá.
Crescimento desordenado
Logo no início da conversa, Crepaldi justificou a instalação da escola em um prédio alugado e sem a estrutura necessária em virtude da urgência ocasionada pela construção de um bairro novo na cidade, sem que outros serviços essenciais tivessem sido contemplados no projeto, como educação e saúde. “Tivemos que encontrar uma solução rápida para atender uma demanda muito grande de estudantes que chegaram na cidade de uma hora para a outra”, explicou.
De acordo com o gestor, não há espaços melhores na cidade que possam atender às necessidades dos estudantes e também não há recursos para construir uma nova unidade.
Com relação à visão negativa que a comunidade tem da escola, o subsecretário disse que a transformação desse cenário depende de um esforço conjunto de alunos, professores, Secretaria de Educação e moradores da cidade. “Quando falo que estudo no CEF 05 todo mundo já pensa que ou sou bandido ou sou drogado”, relatou um dos alunos presentes ao encontro.
A conversa aberta entre os dois lados resultou em encaminhamentos práticos, como a articulação de um encontro envolvendo governo, comunidade escolar e o Inesc para debater as necessidades e especificidades do CEF 05 do Paranoá. Esse momento já começou a ser construído e deverá acontecer em breve. A expectativa é que, juntos, todos esses atores sejam capazes de construir alternativas para garantir uma educação de qualidade aos meninos e meninas que estudam em uma das escolas mais estigmatizadas do Distrito Federal.