Mediando conflitos com arte, cultura e direitos humanos

Projeto Vozes da Cidadania contribui com adolescentes que cumprem medidas socioeducativas nas unidades de São Sebastião e Recando das Emas a melhorarem autoestima e a se reconhecerem como cidadãos de direitos no DF

Por Webert da Cruz

Conhecendo melhor suas origens e aprendendo sobre seus direitos, adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em duas unidades do Distrito Federal passam a se reconhecerem melhor como cidadãos – alguns pela primeira vez na vida. “Isso melhora a autoestima e a consciência que têm de si perante a sociedade”, afirma Ravena Carmo, educadora do projeto Vozes da Cidadania que atua oferecendo arte, cultura e educomunicação a jovens das unidades de São Sebastião e Recanto das Emas no DF, desde fevereiro deste ano.

“Ao debater temas pouco discutidos ligados aos direitos humanos, nós acabamos mediando situações de conflito que poderiam gerar violência, por meio de uma cultura de paz, que está presente em nossa metodologia”, conta a educadora Ravena.

Atividade de apresentação na Unidade de Internação de São Sebastião. Foto: Webert da Cruz

Vozes da Cidadania é uma iniciativa do Onda – Adolescentes em Movimento pelos Direitos, realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) com fundos Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA). Ele promove a participação dos adolescentes em atividades de cultura e educação, ações socioeducativas previstas em todas as medidas das unidades. Essa estratégia tem grande potencial de transformação e oferece aos jovens novos pontos de vistas sobre o mundo e a vida em sociedade. 

O  principal objetivo do projeto é realizar movimentos educativos sobre cidadania, direitos humanos e orçamento público junto aos socioeducandos das unidades de internação de São Sebastião e Recanto das Emas. “Os adolescentes estão se reconhecendo como cidadãos e o caminho que devem trilhar”, conta Ravena. Cabe destacar que o processo pedagógico tem contribuído para que os adolescentes percebam os problemas sociais de uma forma mais complexa. Os novos olhares passam a enxergar os problemas para além da dimensão pessoal.

Marcus Aborígene, rapper e também educador do projeto, acredita que todo ser emana arte, de uma forma ou de outra, seja em qualquer parte ou contexto. “Mesmo nos ambientes de trabalho árduo, por exemplo, cantamos. Então, dialogar com os adolescentes a partir da cultura e das artes, desperta-se a curiosidade e vontade de pertencimento”, diz Marcus, que acredita na importância da relação pedagógica com a cultura. “Nos aproximamos um tanto mais dos educandos, tornando o conteúdo mais atrativo e inspirador”, confirma.

O projeto

As atividades desenvolvidas pelo projeto abordam temas Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), participação social e democracia, direito das mulheres, cidade, educação e trabalho. A metodologia utilizada agrega fundamentos da educação popular, arte-educação e educomunicação. Música, cine-debates, rodas de conversa e atividades são alguns dos instrumentos utilizados na busca da construção de novas perspectivas dos socioeducandos.

A primeira fase do trabalho é focada na discussão dos temas indicados pelo projeto e pelos jovens, sempre relacionados ao Estatuto da Criança e do Adolescente e à Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. Na segunda parte, ainda a ser desenvolvida, os adolescentes participarão da produção educomunicativa de programas de rádio, boletins e poesias. Acompanhe conosco o ecoar dessas vozes socioeducativas aqui no site do projeto, também no Facebook e Instagram.

 

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