Estudantes do projeto Adolescentes Protagonistas participam de encontro internacional sobre inclusão no ensino médio

Além de debater sobre desafios e propostas para esta etapa escolar, 150 meninos e meninas de todo o Brasil despertaram para aspectos como respeito, igualdade e uma visão mais crítica de mundo

Entre os dias 26 e 28 de abril, Vivian Costa e Victor Hugo Queiroz se uniram a outros 148 adolescentes de todas as regiões do Brasil com dois objetivos desafiadores: identificar situações de violações de direito enfrentadas no cotidiano escolar e elaborar propostas para melhorar o ensino médio oferecido nas escolas brasileiras. Ambos são estudantes de escolas da periferia do Distrito Federal e fazem parte do projeto Adolescentes Protagonistas, uma iniciativa do Inesc com o patrocínio da Petrobras.

O Encontro Internacional sobre Inclusão de Adolescentes e Jovens no Ensino Médio foi realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em Belo Horizonte (MG), nos dias 27 e 28 de abril. O evento foi precedido pelo Encontro Nacional de Redes de Adolescentes, durante o qual os adolescentes debateram sobre os problemas do ensino médio brasileiro e elaboraram suas propostas para apresentar durante o seminário, que reuniu, além dos meninos e meninas, cerca de 400 gestores públicos da área de educação de 15 estados brasileiros. Durante o seminário, foram compartilhadas com os participantes 20 boas práticas na área de inclusão educacional do Brasil, Chile, Equador, Argentina e Uruguai.

Foto: Vivian Costa
Foto: Vivian Costa

“Foi uma experiência muito diferente de tudo o que eu esperava. Foi algo novo para mim. Eu sempre tive muita opinião, mas nunca tive num lugar onde eu pudesse expressar essa opinião. Em Belo Horizonte conheci muita gente que passava pela mesma coisa que eu, gente igual a mim”, conta Victor Hugo, que tem 17 anos e cursa o 3o ano do ensino médio.

Esse sentimento foi compartilhado por Vivian, que tem 16 anos e também está no 3o ano do ensino médio: “eu achava que ia ser uma coisa, mas quando eu cheguei lá superou todas as minhas expectativas. Além de ter conhecido muita gente, aprendi mais sobre a luta dos outros. Quando eu cheguei lá, vi que a educação não precisa melhorar só em Brasília, mas em todos os outros lugares. Tem gente que tá muito pior do que aqui”.

Resultados do seminário
Entre as propostas dos adolescentes, apresentadas e discutidas com os gestores públicos durante o seminário, destacam-se:

Respeito à diversidade – Capacitar a comunidade escolar sobre temas de promoção dos direitos humanos que afetam a vida dos adolescentes, como racismo, gênero e LGBTfobia, sexualidade e deficiência, educação indígena, valorizando o conhecimento e talento de cada estudante, respeitando suas vocações e potencializando suas habilidades.

Acolhimento – Em casos de preconceito ou outra dificuldade de inclusão por parte dos adolescentes, garantir mecanismos e profissionais aptos a oferecer acolhimento, apoio psicológico e diálogo.

Gestão participativa – Implementação da gestão democrática e inclusiva da escola, com participação dos adolescentes nas diferentes instâncias de decisão.

Infraestrutura e transporte – Garantir infraestrutura e transporte adequados para acesso à escola.

E sobre o que cada adolescente leva como resultado para a sua vida? Respeito, inclusão e uma visão mais crítica do mundo. “Eu aprendi muita coisa a respeito das diferenças das pessoas, inclusive em relação à mídia. Conheci pessoas do MST, por exemplo, e o que eu vejo na mídia é que são um bando de pessoas desocupadas que querem ter terra e não querem trabalhar. Lá eu pude perceber que não é isso porque eu conheci pessoas que são desse movimento”, conta Victor Hugo.

Para Vivian, o que marcou foi a responsabilidade de todos na construção de uma educação mais justa e de qualidade. “Além do respeito que a gente tem que ter com as outras pessoas, tem a questão de incluir. A gente tem que se esforçar ao máximo pra conseguir fazer isso porque o número de evasão é muito grande e uma parcela de culpa também é dos próprios alunos que julgam, não incluem e desrespeitam a diferença dos outros. Além da parcela que é culpa do governo, tem uma parcela que é culpa da gente e temos que mudar para melhorar”.

O seminário foi realizado em parceria com a Secretaria de Educação de Minas Gerais, o Ministério da Educação, o Itaú Social, o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC) e do Canal Futura.

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