Direitos humanos e cidadania pelas ondas do rádio

Projeto Vozes da Cidadania reúne adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF para criarem quatro programas de rádio no exercício do direito à comunicação  

por Webert da Cruz

O que jovens que cumprem medidas socioeducativas têm a dizer sobre suas vidas, dentro e fora das unidades de internação? Quais as mudanças que esse direito básico à expressão e informação pode exercer sobre suas realidades no presente e futuro? É o que vamos saber a partir das oficinas de rádio que o projeto Vozes da Cidadania vai tocar em unidades de internação do Recanto das Emas, São Sebastião e Santa Maria no Distrito Federal. As oficinas começaram na segunda quinzena de junho com 45 adolescentes que terão a possibilidade de criar, produzir e executar quatro programas de rádio, no exercício da criatividade e liberdade de expressão.

Compreender a comunicação como direito é um dos caminhos que o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) trilha para garantir transformação de realidades. As oficinas de rádio do projeto Vozes da Cidadania têm esse papel de ecoar vozes, permitindo que meninas e meninos participantes conheçam mais sobre direitos humanos e também os exerçam no processo de formação. É preciosa a oportunidade de os próprios sujeitos construírem a forma com que querem ser conhecidos pelo público para além do ato infracional.

Cláudia Maciel, uma das educadoras de educomunicação*, afirma que a censura é um dos grandes resquícios que ficaram da ditadura militar de 1964. “Nosso país é mal informado e outros direitos são negados com a falta de comunicação. A partir do momento que você não é bem informado dos seus direitos, como usufruir deles?”, indaga a educadora.

“Os adolescentes conseguirem alcançar esse lugar de fala para sociedade é um retorno para a real relação entre a medida socioeducativa e a rua”, afirma o educador MC Succo, que está com grande expectativa sobre as produções de rádio. “Vamos construir um antes e depois que tira a limitação do olhar de quem está de fora, tira uma normalização de achar que um adolescente já pensa necessariamente em praticar um ato infracional, pois é menor de idade e ‘não vai dar nada’. É uma questão social mais compĺexa que não foi abordada como deveria ser abordada”, afirma o educador.

Na equipe educomunicativa, além de Cláudia e MC Succo, participam ainda Ravena do Carmo, Markao Aborígine, Ariel Haller e Webert da Cruz. Os educadores acompanharão todo o processo de criação de roteiro, entrevistas, gravações, edição e divulgação junto aos jovens. Temas como juventude, profissionalização e cultura já foram escolhidos pelos educandos, assim como as divisões de tarefas entre eles. Acompanhe o ecoar dessas vozes pela cidadania pelos canais do ONDA no site, facebook e instagram.

 

*Educomunicação é um conceito em construção, mas consiste em um campo teórico-prático que propõe uma intervenção a partir de algumas linhas básicas como: educação para a mídia; uso das mídias na educação; produção de conteúdos educativos; gestão democrática das mídias; e prática epistemológica e experimental do conceito. Fonte: Wikipédia

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