Adolescentes Protagonistas promove dia de muitas reflexões durante o Cinema e Política

Muita alegria, debate e integração tomaram conta do Cinema e Política, encontro realizado no último sábado (30) e que reuniu 62 adolescentes das cinco escolas em que o projeto Adolescentes Protagonistas atua: Guará (CED 04), Paranoá (CEF 05 e Darcy Ribeiro), Quilombo Mesquita (Cidade Ocidental-GO) e Unidade de Internação de Santa Maria (UISM).

A atividade faz parte do cronograma anual da iniciativa, que é promovida pelo Inesc e patrocinada pela Petrobras. Desta vez, o foco do encontro foi “Educação de qualidade”, tema que está sendo discutido nas oficinas que estão sendo realizadas ao longo deste ano.

Para estimular o debate, os meninos e as meninas assistiram ao documentário “Acabou a paz, isso aqui vai virar o chile”, dirigido pelo cineasta argentino Carlos Pronzato e que narra a ocupação das escolas em São Paulo após o anúncio do projeto de reorganização escolar anunciado em setembro de 2015 pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A medida previa o fechamento de várias unidades de ensino no estado (assista à íntegra).

A identificação entre a realidade apresentada no filme e a situação vivenciada pelos estudantes presentes ao encontro foi quase instantânea. Isso porque, embora o Distrito Federal não tenha proposto uma reestruturação semelhante à de São Paulo, problemas como falta de infraestrutura nas unidades educacionais e gestões pouco democráticas fazem parte da rotina de grande parte dos alunos e alunas de escolas públicas nos quatro cantos do país.

Estímulo ao debate

A projeção filme foi seguida de convite ao debate conduzido por Tobias Pereira, professor de física e matemática e liderança jovem que atua no Levante Popular da Juventude. Os meninos e meninas foram desafiados a colocar em “ordem de importância” seis pessoas a partir das suas profissões: estudante, professor, desempregado, médico, advogado e faxineiro. O objetivo era discutir as construções sociais que temos e que foram elaboradas a partir da “importância” que cada pessoa tem para a sociedade. Chegaram à conclusão de que nossa sociedade classifica uma pessoa como importante a partir de critérios socioeconômicos. “Afinal, quem tem mais poder é o rico.”

O debate prosseguiu na linha do reconhecimento e relevância dos estudantes e do poder de mobilização que eles e elas possuem a partir da união em torno de objetivos em comuns. Ficou claro para os meninos e as meninas que a construção de uma educação melhor pode, sim, partir deles e delas em diálogo com suas respectivas comunidades.

Eixos temáticos

No período da tarde, os/as adolescentes foram divididos em cinco grupos de discussão. Eles trabalharam os temas escolhidos por cada escola para ser o assunto do boletim Direitos na Comunidade: Respeito e preconceito; Escolas nas nossas periferias; Educação profissionalizante; Democratização da escola versus Escola sem partido; Estigma territorial, estigma da escola.

O momento foi extremamente rico e resultou em diversas reivindicações e falas impactantes que, na sequência, foram compartilhadas com todo o grupo, entre elas: “Democracia é um trabalho em grupo bem feito”; “Me aguente pois não sou diferente”; “Eu queria aula de música”; “Precisamos de professores qualificados”; “Não generalizar porque quem faz a escola são os alunos”; “Queremos merenda de qualidade”; “A escola que eu queria seria basicamente um lugar agradável, acolhedor, onde houvesse respeito a todos, inclusive à diversidade”; “Mais inclusão de diversidade sexual”. “Mais conscientização de que sou mulher e devo ser respeitada”. “Negros e negras lutando pelos seus direitos”. O debate também contemplou as necessidades de estudante cuja identidade de gênero não se encaixa no modelo binário e requeira o uso do banheiro feminino, por exemplo. Assim, para ele, democracia seria também ter banheiro unissex na escola.

Além dos debates, o encontro também contou com participações culturais mais do que especiais. A Companhia de Teatro Bisquetes deu o recado por meio da esquete-musical “A escola ideal” e o grupo de rap Vandalismo Poético agitou os meninos e meninas com seu som e letras que retratam o cotidiano nas periferias do Distrito Federal.

Em breve, outro encontro reunirá toda a turminha novamente. Trata-se da Oficina de Processo Legislativo, durante a qual os meninos e meninas aprenderão sobre o funcionamento do Congresso Nacional, incluindo quando e como apresentar projetos de iniciativa popular, como acompanhar a tramitação de um projeto de lei e pressionar pela sua aprovação ou rejeição. O Adolescentes Protagonistas não para!

footer2